Acabei de acertar os últimos pormenores do trabalho de
Scienze Semiotiche. Sinto-me mais leve. Independentemente do resultado, já está feito; com a "apresentação" preocupo-me depois. Agora é tempo de estudar
Comunicazione Pubblica, que, devo dizer, é talvez a cadeira mais preocupante. O exame é oral e, de toda a matéria, nem sabemos exactamente o que estudar.
No entanto, neste momento, as mil e uma forma de comunicações - sejam elas de mercado, empresariais, institucionais, entre tantas outras - não pensam entrar já na minha cabeça. Primeiro, quero respirar. Quero absorver o frio romano que entra pela porta e me bate nas costas. Quero descansar dentro destas quatro paredes a que chamo e sinto como casa. Agora, é tempo de parar, mesmo que, para minha desolação, eu não veja o tempo parado.
A partir de hoje, resta-me exactamente um mês na Cidade Eterna - decido chama-la assim porque assim a sinto. No peito, um aperto começa a crescer, ainda pequenino, como se fosse ele próprio um nó no meu cabelo. A diferença é que este não se desfaz e faz doer. Na garganta, já se dissipou, ao contrário desse nó, o sabor doce do chocolate misturado com o do café - hábito terrivelmente bom a que me habituei depois do almoço. Afinal, já todos dizem,
o que é bom acaba depressa. E na cabeça - aquela que parece o motor incansável de um carro velho, ruidoso , violentamente ensurdecedor - surgem os medos e as inseguranças que eu não quero explicar. Quem precisa de o saber, já o sabe. Tão bem ou melhor do que eu. E, se for preciso, podemos , literalmente, gritá-lo pelas ruas. Ninguém percebe, só nós. E não há nada melhor do que os segredos partilhados em risos, lágrimas, loucuras e depressões. É por isso que não quero ir embora. Aqui, com elas, posso ser quem eu quiser, quando quiser, como quiser.
Agora, sou daquelas pessoas a quem custa largar o que de tão seu já considera. É como se alguém me pedisse aquele último resto do meu café ou o último pedacinho do chocolate que tão bem me está a saber. É meu, demasiado meu. Não mo tirem, por favor!
É que afinal ninguém quer ficar de mãos vazias, não depois de ter segurado o mundo...
Porque Roma é tão minha, é demasiado nossa.