terça-feira, 18 de janeiro de 2011

tanto mia, troppo nostra.

"It's not over, 'till it's over. I wanna stay here forever"

Acabei de acertar os últimos pormenores do trabalho de Scienze Semiotiche. Sinto-me mais leve. Independentemente do resultado, já está feito; com a "apresentação" preocupo-me depois. Agora é tempo de estudar Comunicazione Pubblica, que, devo dizer, é talvez a cadeira mais preocupante. O exame é oral e, de toda a matéria, nem sabemos exactamente o que estudar.
No entanto, neste momento, as mil e uma forma de comunicações - sejam elas de mercado, empresariais, institucionais, entre tantas outras - não pensam entrar já na minha cabeça. Primeiro, quero respirar. Quero absorver o frio romano que entra pela porta e me bate nas costas. Quero descansar dentro destas quatro paredes a que chamo e sinto como casa. Agora, é tempo de parar, mesmo que, para minha desolação, eu não veja o tempo parado.
A partir de hoje, resta-me exactamente um mês na Cidade Eterna - decido chama-la assim porque assim a sinto. No peito, um aperto começa a crescer, ainda pequenino, como se fosse ele próprio um nó no meu cabelo. A diferença é que este não se desfaz e faz doer. Na garganta, já se dissipou, ao contrário desse nó, o sabor doce do chocolate misturado com o do café - hábito terrivelmente bom a que me habituei depois do almoço. Afinal, já todos dizem, o que é bom acaba depressa. E na cabeça - aquela que parece o motor incansável de um carro velho, ruidoso , violentamente ensurdecedor - surgem os medos e as inseguranças que eu não quero explicar. Quem precisa de o saber, já o sabe. Tão bem ou melhor do que eu. E, se for preciso, podemos , literalmente, gritá-lo pelas ruas. Ninguém percebe, só nós. E não há nada melhor do que os segredos partilhados em risos, lágrimas, loucuras e depressões. É por isso que não quero ir embora. Aqui, com elas, posso ser quem eu quiser, quando quiser, como quiser.
Agora, sou daquelas pessoas a quem custa largar o que de tão seu já considera. É como se alguém me pedisse aquele último resto do meu café ou o último pedacinho do chocolate que tão bem me está a saber. É meu, demasiado meu. Não mo tirem, por favor!
É que afinal ninguém quer ficar de mãos vazias, não depois de ter segurado o mundo...



Porque Roma é tão minha, é demasiado nossa.


1 comentário:

  1. Apetece-me bater-te por saberes descrever tão bem.

    Um mês, UM! Volta Beautiful 2, volta elevador assustador, volta Coliseu como nosso abrigo máximo. Voltem viagens de autocarro só mesmo para passar o tempo.

    Grr agora deixaste-me nostálgica. E eu que já tinha agarrado a Comunicazione Pubblica com unhas e dentes. Vou aí agora, à mesa onde estás a fazer nós no cabelo, espancar-te um bocadinho. Até já!

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